A demora de Tite para decidir seu futuro indica sua saída do Corinthians

Tite sabe que seu ciclo no Corinthians chegou ao fim. Só não admite ainda. Foi duro para ele trabalhar nesta temporada, do meio do ano para cá. O elenco já não respondia como antes ao seus comandos, uma condição natural num grupo que ganha tudo e que se relaciona por mais de três anos, mesmo com o reforço de algumas peças importantes. Para que o Corinthians rendesse o que Tite esperava depois de ganhar o Mundial de Clubes da Fifa era preciso ter um objetivo novo no caminho desses jogadores, qualquer que fosse, e que todos eles comprassem a ideia como compraram na Libertadores de 2012 e no Mundial da Fifa. Aquele Corinthians descia a ladeira atropelando todo mundo, sem dó dos adversários, com gana, garra e técnica. Era bonito de se ver.

Quando se está no topo e não se tem novo objetivo, o caminho é um só: para baixo. E foi desse veneno que o Corinthians provou. Tite contribuiu para isso ao não conseguir dar aos atletas um novo projeto, tampouco formar o time com 11 titulares. Teve um problemão nas mãos, diga-se: Alexandre Pato. Contratado após o Mundial da Fifa por R$ 40 milhões, o atacante pressionou involuntariamente o treinador a colocá-lo em campo. Na prática, não foi isso o que aconteceu, mesmo embora Tite, raposa que é no futebol, sabia que deveria arrumar um lugar para Pato no Corinthians. E pensando nisso, não definiu seus 11 e foi provocando a ira dos que ficavam no banco.

O Corinthians não vai trocar todos os seus jogadores. Alguns deverão sair e outros chegar, como todo recomeço de temporada. Não haverá uma revolução, portanto. Tite não se vê mais no comando desse time sem pensar que tudo o que fará será mais do mesmo. Está certo em pensar dessa forma. As cobranças virão, a torcida pegará no pé e a diretoria, como todas no futebol brasileiro, não vai segurar a onda. Tite será demitido.

Com o currículo engordado pelas conquistas de 2012, Tite coloca um pé fora do Brasil. Se não for para treinar alguma equipe da Europa, talvez de outra região menos nobre, mas mais rica, certamente será para aprimorar seus conhecimentos com cursos e trabalhos voluntários em times de peso, de modo a abrir caminho após a Copa do Mundo. Tite sabe que precisa crescer e dar passos pra frente em sua carreira. Ficar no Corinthians ou assumir qualquer time brasileiro não mudará sua condição nesse momento e o deixará na mesma situação de todos esses técnicos que também ganharam competições importantes e depois foram demitidos por falta de bons resultados. Vai ganhar jogos, perder jogos, empatar jogos e se colocar na fila para beliscar algum título importante. Nada mais.

Agora, ele tem a chance de dar voos mais altos e nobres. Se vai dar certo ou não, não há resposta. Ninguém sabe. Se deixar essa oportunidade passar, voltará à vida de sempre dos treinadores de futebol.